quarta-feira, 20 de julho de 2016

O IMPACTO DE BONS PROFESSORES NO APRENDIZADO DOS ALUNOS

Entre 2012  e 2015, os recursos destinados à capacitação de professores caíram 67,8% no país, de acordo com o jornal "O Estado de São Paulo". Com a redução do investimento, houve uma queda de 26% no atendimento aos professores. Segundo a reportagem, todas as modalidades de curso perderam alunos, mesmo os de ensino a distância (EAD). Também cursos semipresenciais passaram a ser na modalidade EAD. Outros cursos foram descontinuados, como o Redefor - Rede de São Paulo e de Formação de Docentes. 

Considerando nossos baixos indicadores de aprendizagem e ainda o fato de mais de 40,8% dos professores de Educação Básica não serem formados na disciplina que lecionam (Conforme o sendo escolar de 2014) esses dados são realmente preocupantes. Diversos estudos nacionais tem apontado as deficiências do professor como na formação continuada e em serviço (dentro da escola), assim como na implantação de planos de salários e carreia condizentes com a importância da função docente. 

No momento em que diversos países discutem a importância da educação ao longo da vida, é assustador pensar que um estado como São Paulo reduza o investimento no maior ativo da educação, que é o professor. 

A conhecida revista Britânica "The Economist" colocou como capa de sua edição de meados de junho o tema "como fazer um bom professor", desmitificando as vocações ou soluções mágicas e enfatizando a importância da profissionalização docente. Segundo a publicação, é fundamental que os professores adquiram experiências de sala de aula e possam contar com escolas e instituições que tratem sua formação com rigor e possibilitem o seu com contato com os colegas e a comunidade. A revista cita um estudo americano que demonstra que em um único ano os professores tidos como os 10% melhores impactam três vezes mais a aprendizagem dos alunos que que 10% piores. 

Em outra edição, a mesma revista apresentou um dossiê sobre inteligência artificial, destacando o papel da educação diante das novas tecnologias e demonstrando tanto a importância de um ensino adaptativo de acordo com as características e níveis de cada aluno, como o fato de que a educação ao longo da vida é uma realidade. Nesse contexto, o aprender continuamente, o reaprender e a atualização de novos conteúdos são dimensões mais importantes do que o aprofundamento de um tema ou disciplina. 

No entanto, a predominância de cursos curtos ou mais rápidos no mundo contemporâneo não significa que a educação básica perdeu sua importância. A ênfase dada à necessidade de uma sólida fundamentação nas habilidades de letramento e matemática é considerada como condição ainda mais vital para apropriação constante de novos conhecimentos. 

A educação contínua ainda é um desafio na sociedade contemporânea. Em um país como o Brasil, onde ainda não alcançamos níveis básicos na qualidade da aprendizagem de nossas crianças e jovens, negligenciar a formação de professores é um risco de não só não avançarmos nos indicadores como comprometermos ainda mais as atuais e futuras gerações. 

Estamos arriscando o futuro do país. 

Maria Alice Setubal