A estratégia envolve estudantes e professores de todo o país, além das autoridades dos estados e municípios, para reforçar o combate ao mosquito Aedes aegypti.
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, participou da mobilização nacional contra o Aedes aegypti,que tem início nesta sexta-feira (19) em toda a rede escolar, incluindo a educação infantil e ensinos fundamental, médio e superior. O ministro visitou o Colégio Ciman, em Brasília, onde fez uma apresentação aos estudantes com orientações sobre prevenção e combate aos criadouros do mosquito transmissor da dengue, da chikungunya e do vírus Zika, além de explicar quais são os sintomas das doenças. Castro respondeu a perguntas dos alunos e realizou vistoria no colégio para verificar possíveis focos do vetor.
“Só temos um caminho a trilhar, que é eliminar os focos do mosquito. Essa é a maneira mais eficiente de prevenção e combate a esse vetor. É muito importante que as crianças e adolescentes, junto com seus pais, possam dedicar 15 minutos por semana para combater o mosquito, vistoriando suas casas. Precisamos de toda a comunidade escolar mobilizada para enfrentar essa situação de forma permanente. Contamos com vocês”, declarou Marcelo Castro.
Em seguida, Marcelo Castro foi até o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB) e conheceu algumas pesquisas realizadas pela instituição, como um kit em desenvolvimento pelo laboratório de microscopia eletrônica, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para aprimorar a detecção do vírus da dengue no sangue.
A Mobilização Nacional da Educação Zika Zero integra o esforço do Governo Federal, em parceria com os estados e municípios, no enfrentamento ao mosquito e conscientização da população. Ministros, governadores, secretários de educação municipais e estaduais, além de outras autoridades e militares das Forças Armadas, percorrerão as capitais brasileiras e 115 municípios considerados prioritários no combate ao mosquito. O objetivo é aproveitar o período de volta às aulas para incluir as comunidades escolares nas ações de combate e prevenção em uma ação continuada.
O Ministério da Saúde mobilizou ainda as equipes do Programa Saúde na Escola para ampliar as ações de saúde aos estudantes da rede pública. O programa está presente em mais de 78 mil escolas em 4.787 municípios brasileiros. São, atualmente, 32 mil equipes da Atenção Básica envolvidas no programa e que começam a ser mobilizadas a partir desta sexta-feira.
A iniciativa visa intensificar a conscientização da população para a importância do enfrentamento ao mosquito Aedes no setor educacional, que envolve 60 milhões de brasileiros, entre estudantes, professores e servidores técnicos administrativos da educação superior em todo o país. Participam desta ação 188.673 escolas de educação básica, as 63 universidades federais e os 40 institutos federais e Centros Federais de Educação Tecnológica, além de diversas entidades do setor educacional.
A expectativa é usar o alcance das redes federal, distrital, estaduais e municipais de educação da pré-escola a pós-graduação para levar informações sobre as formas de combate ao mosquito, inclusive, com distribuição de materiais informativos sobre medidas de prevenção. Como alguns municípios não iniciaram o ano letivo, a mobilização com ações educativas irá continuar.
Enquanto ainda não existe disponível no mundo uma vacina para o vírus Zika, o combate aos focos do mosquito é a única forma de prevenção da doença, protegendo gestantes e crianças. Esse vírus tem sido associado ao aumento de casos de microcefalia em bebês quando as mães são infectadas durante a gestação.
PLANO NACIONAL – No final do ano passado, com o aumento do registro de casos das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti e suas complicações, o Ministério da Saúde decretou Situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e a presidenta Dilma Rousseff lançou o Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e à Microcefalia com medidas emergenciais que estão sendo colocadas em prática para intensificar as ações de combate ao mosquito. Todos os órgãos federais estão mobilizados para atuar conjuntamente neste enfrentamento, que conta também com a participação dos governos estaduais e municipais.
O Dia Nacional de Mobilização contra o Aedes aegypti, realizado no último sábado (13), alcançou 2,8 milhões imóveis em 428 municípios do País. A ação contou com 220 mil integrantes das Forças Armadas, em conjunto com os agentes comunitários de saúde e os agentes de controle de endemias. As visitas de rotina às residências para eliminação e controle do vetor foram reforçadas ainda na última segunda-feira (15) com a terceira etapa de mobilização nacional, que reuniu 55 mil militares das Forças Armadas, 46 mil agentes comunitários de endemias, que já atuavam regularmente nessas atividades, e 266 mil agentes comunitários de saúde.
O número de imóveis vistoriados pelos agentes de saúde e militares das Forças Armadas, na mobilização nacional de combate ao Aedes aegypti, já representa 41% dos 67 milhões estimados em todo o Brasil. Ao todo, 27,4 milhões de imóveis foram percorridos pelas equipes até quarta-feira (17), em busca de criadouros e para orientar a população sobre medidas de prevenção ao mosquito. O número inclui domicílios e prédios públicos, comerciais e industriais, conforme balanço da Sala Nacional de Coordenação e Controle (SNCC) de Enfrentamento à Microcefalia.
Somam-se a esse esforço a mobilização voltada aos servidores públicos no dia 29 de janeiro, no chamado “Dia da Faxina”, cujo objetivo foi inspecionar e eliminar possíveis focos do mosquito nos prédios dos órgãos federais. A ação aconteceu em ministérios, autarquias, agências e demais órgãos vinculados em todo o Brasil. Foi publicado ainda no Diário Oficial da União, em fevereiro, decreto que determina adoção de medidas rotineiras de prevenção e combate ao vetor em todos os prédios públicos.
COMO ELIMINAR CRIADOUROS - Para erradicar o Aedes aegypti e todos os seus possíveis criadouros, o Ministério da Saúde recomenda à população a adoção rotineira de medidas simples para eliminar recipientes que possam acumular água parada. Quinze minutos de vistoria são suficientes para manter o ambiente limpo. Pratinhos com vasos de planta, lixeiras, baldes, ralos, calhas, garrafas, pneus e até brinquedos podem ser vilões e servir de criadouros para as larvas do mosquito. Outras iniciativas de proteção individual também podem complementar a prevenção das doenças, como o uso de repelentes e inseticidas para o ambiente.
O Brasil tem um programa permanente de prevenção e controle do Aedes aegypti, com ações compartilhadas entre União, estados e municípios, durante todo o ano. Os recursos federais destinados ao enfrentamento aoAedes aegypti cresceram 39% nos últimos anos (2010-2015), passando de R$ 924,1 milhões para R$ 1,29 bilhão neste ano. Para 2016, a previsão é de um incremento o valor chegará a R$ 1,87 bilhão. Além disso, foi aprovado no orçamento um adicional de R$ 500 milhões para apoio as ações de combate e erradicação do Aedes, totalizando, assim, mais de R$ 1 bilhão a mais para a área este ano. Além desses recursos, o Ministério da Saúde realiza a aquisição de insumos estratégicos, compra e distribuição de insumos estratégicos, como inseticidas e kits de diagnósticos para auxiliar os gestores locais no combate ao mosquito, que são responsáveis pela coordenação e execução destas ações.
MICROCEFALIA - O Ministério da Saúde e os estados investigam 3.935 casos suspeitos de microcefalia em todo o país, sendo 60,1% dos casos notificados em 2015 e 39,9% em 2016. De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, 508 casos já tiveram confirmação de microcefalia e/ou outras alterações do sistema nervoso central. Outros 837 casos notificados já foram descartados. Ao todo, 5.280 casos suspeitos de microcefalia foram registrados até 13 de fevereiro.